Este é um momento marcante para a cidade: o Rio guina... para o futuro!
Nenhum carioca ficará incólume, nenhum carioca pode ficar indiferente.
Esta é também uma das minhas formas de participar: sugerir caminhos para o Rio.
.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

A bola da vez do Metrô

Há muitas coisas com que se preocupar (sempre há...), mas o futuro não pode ser abandonado.

Entrega oficial do Tatuzão - Foto Rogério Santana
Dias atrás, não só foi anunciado o esdrúxulo nome da bola tatu-bola da Copa, como o governo do estado anunciou a construção de uma nova linha do Metrô (que é, na verdade, a Linha 4 original, defendida por tantos de nós), a ser escavada pelo “Tatuzão”, o alemão, após o término da desajeitada obra do “Linhão”...

Logo chegará a hora da decisão sobre qual caminho seguirá...
O trajeto que faz todo sentido tem sido proposto neste espaço: que a Linha Nova, passando por Jardim Botânico, Humaitá e Laranjeiras, cruze a Linha 1 na Glória (onde há espaço para serviços operacionais etc.) e contorne o Centro da cidade, atendendo o Santos Dumont, a Praça XV, o Porto, a Rodoviária, e se abrindo para os subúrbios e Galeão.   

Propor fixar o final da Linha 4 na estação Carioca (ou outro ponto qualquer do Centro) é atravancar o progresso, travar o crescimento e atrapalhar a reorganização da cidade, em termos do que o Metrô pode proporcionar. Importante é atender, ao máximo, às necessidades da cidade. Se o Metrô vai na direção do futuro, é o investimento que faz sentido. Terminar esta linha no Centro da cidade é empacar no passado...
Terminar esta linha no Centro é de uma incoerência absoluta, um tremendo desperdício de propósitos... Vai corresponder, vai parecer com a situação estranha da Central do Brasil, que deixa seus passageiros a pé mal eles chegam ao Centro... A linha do  Metrô tem que atravessar a área central da cidade e prosseguir na direção oposta, é a mais óbvia das soluções. E nada impede que seja uma linha longa, como, por exemplo, a própria linha do Metrô atual, o “Linhão”, de que tanto se orgulha o atual governo do estado.

E, vindo da Barra para cruzar o Centro, por onde esta linha vai passar?...
Ora, quem acredita nas promessas do crescimento do Rio altamente concentrado na área do “Porto Maravilha”, quem enxerga o futuro, ah, tem certeza: o Metrô tem que passar por ali!

A Linha N
O “Porto Maravilha” tem que ter Metrô, como condição mínima de funcionalidade!

É claro que há quem diga que não se pode propor uma linha de Metrô sem estudos técnicos... Então, a proposta que tenho feito (de passar pelo Centro, cruzar a região do Porto, ir em direção à Zona Norte e ao aeroporto) seria rejeitada... Acontece que, se for assim, é o caso de não apoiar a construção desta nova linha (que, na verdade, é a Linha 4 original), que foi proposta de maneira tão intempestiva, para aproveitar uma máquina que, afirmam, pode fazer o serviço.

Esta Linha Nova, que cruzará o Centro, é apenas uma parte de uma rede de transporte público que o Rio de Janeiro precisa. E não só o Rio de Janeiro, como o seu entorno, a Região Metropolitana. As linhas do Metrô precisam ir à Baixada. E Niterói e São Gonçalo precisam de uma rede de Metrô, não só da Linha 3, que só está vindo por conta do Comperj.

A ideia da Linha N está aqui, há algum tempo.
Pegue-a e defenda-a quem quiser.  
Use-a e realize-a quem puder.
O futuro agradecerá.

sábado, 30 de junho de 2012

A Linha N envolverá o Rio!

A extensão da Linha 1 do Metrô em direção à Barra é dada como totalmente aprovada, conforme manifestações recentes do Secretário Estadual de Meio Ambiente, Carlos Minc, e da presidente do Instituto Estadual do Ambiente (INEA), Marilene Ramos, ao apresentarem a Licença de Instalação da obra.
Não deixa de ser estranho que não haja um meio legal de discutir a qualidade urbanística e operacional do projeto, ficando os questionamentos da sociedade restritos ao campo ambiental oficial. Nele, tudo se resolve pelas chamadas “ações mitigadoras”, as quais, pretensas respostas a problemas e críticas, servem implicitamente para dar ao projeto a condição de fato consumado. 


Ao tratar das questões ambientais de uma forma suficentemente vaga, com referências ao ambiente original da cidade (bacias hidrográficas etc) e o urbano (árvores nas praças, fumaça dos ônibus etc), mas sem citar o ambiente interno ao Metrô (do ar condicionado à demora ou a superlotação), o documento indica que o desejo dos governantes momentâneos passa batido por sobre tais firulas... Desqualificado o último entrave, a obra pode ser deslanchada. Fica valendo, portanto, mais que o escrito ou o publicado, o combinado entre os maiores interessados: as pessoas que estão no governo, os investidores da privilegiada concessionária, os executivos das empreiteiras abonadas com as obras.
À sociedade são distribuídos alguns consolos: menos árvores abatidas na praça de Ipanema, a Estação Gávea em dois níveis (indicando, ao menos, a futura formação de uma rede) e o anúncio de planos para a construção da Linha 4 propriamente dita, uma altíssima ironia...


Para ela, nova certeza... O secretário Minc surpreende: a linha, após a Gávea, seguirá por baixo da rua Jardim Botânico!... Diz ele (antecipando-se a uma futura licença ambiental...) que este “tubulão”, por onde passarão os trens, não afetará o movimento das águas subterrâneas circulantes entre o maciço da Tijuca e a lagoa Rodrigo de Freitas, e pelas milhares de plantas do Jardim Botânico. Como a técnica está mesmo, sempre, a serviço da política e dos negócios, e como talvez levemos o tempo de uma geração para saber as consequências, não é difícil acreditar que surgirão garantias.


E as mesmas dúvidas... Deixou no ar uma grande interrogação quanto ao destino desta Linha 4 rediviva: após o Jardim Botânico e, certamente, o Humaitá, por onde, e para onde, afinal, irá o Metrô?...
Objetivamente, a resposta útil e sensata continua a mesma: que ela atravesse o Centro em direção à Zona Norte, em vez de criar a frustração de uma linha precocemente interrompida!... Que não se torne algo igual à estação ferroviária da Central do Brasil, que, por razões da expansão histórica da cidade, exige hoje da grande maioria dos usuários uma outra viagem ou longa caminhada para chegarem a destinos que realmente interessam.
No Rio, temos dois “funis”, a Zona Norte e a Zona Sul, “ligados” pelo Centro, mas boa parte do fluxo de passageiros o transpassa, não se prende a ele... Os antigos planos do Metrô imaginavam uma Linha 4 vindo da Zona Sul para terminar no Centro, e uma Linha 5 da Zona Norte para o Centro, ligando o aeroporto do Galeão, passando pela Rodoviária, ao aeroporto Santos Dumont, algo bem civilizado...
Partindo destas referências, a evolução da idéia é simples: as duas podem formar uma linha só, que atenderia a todos: a Linha Nova!... 
Ou Linha N, para se diferenciar deste esquema numérico tão altamente viciado pelas emendas problemáticas e as duvidosas extensões.


A princípio, a Linha N seguiria o traçado já proposto para a Linha 4 original. Sai da Gávea, passa pelo Jardim Botânico e Humaitá e cruza o vale do rio Carioca. As estações poderiam ser no Cosme Velho e na praça Ben Gurion, em Laranjeiras, talvez mais uma na rua Pinheiro Machado.
Aí é que vem o pulo (carioca) do gato!... A novidade, que é também uma solução (alguns chamarão de “mágica”, mas os técnicos saberão facilmente planejar), começa pela direção que tomará... A Linha N será direcionada à Estação Glória, aonde cruzará a Linha 1 original, atualmente conjuminada com a Linha 2. 
E que não seja para sempre!... Que a Linha 2 volte, um dia, ao seu trajeto ideal, desde a Pavuna (e além), via Estácio, até a Carioca, a que se seguirá a ligação com a Linha 3, do outro lado da baía da Guanabara.


Mantenhamos o foco... Este ponto de conexão, a Glória, é ideal para todas as necessidades de organização da nova linha (áreas de manobra etc), dada a facilidade de construção abaixo do solo (afinal, se é possível passar abaixo da rua Jardim Botânico sem afetar nada...) e a ausência de edificações em uma vasta área (Praça Paris, pistas do Aterro), tudo facilmente reurbanizável após as obras.


A partir daí, a Linha N inicia o necessário contorno do Centro da cidade. Primeiro, com a estação do aeroporto Santos Dumont, uma necessidade absolutamente óbvia... Depois, por sob as vias existentes, com a Estação Praça XV (em dois níveis, porque também receberá a Linha 2). Neste trecho será feita, naturalmente, a adaptação do Mergulhão, o túnel hoje entupido por resfolegantes e esfumaçados ônibus...


A próxima parada da Linha N do Metrô é a Praça Mauá, aonde chegará por um “caminho natural”, (sob) a rua D. Gerardo. Não se aproximará demais do cais (a estação seria atrás do edifício A Noite, sob a ladeira João Homem), para não afetar as novas vias e se manter em área geologicamente favorável.
Neste ponto estará adentrando ao Porto Maravilha!... Afinal, para merecer tão fulgurante título, a área do Porto tem mais é que ter acesso ao Metrô!... Fica difícil imaginar como tanta gente que vai morar e/ou trabalhar ali (em muitos “prédios de até 50 andares”, como se prevê) conseguirá garantir sua mobilidade utilizando apenas carros particulares, volumosos ônibus e limitados bondes. Ou VLTs, o Rio mais uma vez imitando as cidades europeias...


Atravessando a região, com estações nos tradicionais bairros da Gamboa, Saúde e Santo Cristo, o Metrô chegará (e terá uma Estação junto) à Rodoviária e ao recém lançado Porto Olímpico, um projetado conjunto de grandes edifícios comerciais/residenciais/hoteleiros às margens do canal da Av. Francisco Bicalho.


A próxima parada é o Campo de São Cristóvão, onde a Linha N seria bifurcada. Num projeto mais amplo, um ramal partiria rumo à importante conexão da Estação Triagem e daí para diante, na direção Oeste (veja em A Linha X),


Seguindo o roteiro,  a Linha Na caminho do Galeão, passaria pela Barreira do Vasco (com a estação junto ao estádio de São Januário), onde se transformaria em linha elevada, a exemplo de grande parte da Linha 2. Suas paradas principais estariam na Fiocruz, na Vila do João, na parte sul da favela da Maré, na Ilha do Fundão e no seu Hospital, e, finalmente, no Galeão, com extensão para o interior da Ilha do Governador. 

O Rio de Janeiro sem uma eficiente rede de metrô logo se tornará insuportável, em termos de trânsito, uma São Paulo à beira mar... As evidências e os fatos estão aí: uma metrópole que privilegia o automóvel e não supera as limitações do seu sucedâneo, o ônibus, tende a se engarrafar no caos...
Segundo noticia a imprensa, “O governo fluminense vai financiar 80% do ICMS em 50 anos, com 30 de carência, para Nissan e PSA (Peugeot/Citroën). Juntos, os benefícios chegam a R$ 10 bilhões.” 
É aí que o bom senso e outras possíveis qualidades dos nossos governantes têm que ser postos à prova: por quê estimular, com dinheiro público, a produção de automóveis, em vez de investir na construção imediata de novos meios coletivos de transporte?... 
Só se for para queimar o petróleo do pré-sal nos engarrafamentos, na contramão da História...

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

A Linha N do Metrô

É hora de inverter o rumo do Metrô do Rio, que caminha para o caos... 
E também de inverter, de minha parte, a direção desta proposta, a começar por lançar estas palavras de ordem:

PELA CRIAÇÃO DE NOVAS LINHAS PARA O METRÔ!
PELA CONSTRUÇÃO DA LINHA N!

O que, a princípio, era a ideia de uma Linha 4 “descomplicada” (alternativa ao questionável “linhão” do governo do estado e também à pouco convincente proposta do Movimento Linha 4), foi rapidamente se tornando um projeto geral para o Metrô do Rio.
Sabemos que a necessidade de transporte coletivo decente é muito mais dramática na Zona Norte da cidade. Estas colocações tinham, portanto, um defeito de origem: partiam do ponto de vista da Zona Sul...
Aqui, portanto, basicamente as mesmas ideias, mas com esta importante mudança de ponto de vista. A transposição destas ideias para o campo concreto, a sua realização, é desafio para políticos e técnicos...

As pré-condições
Deixando de considerar os muitos interesses políticos e econômicos atuais, é certo que há atitudes necessárias, aplicáveis, cada uma, a seu tempo:
a) interrupção das obras da extensão da Linha 1, a partir de Ipanema/Gal. Osório (que seriam retomadas mais tarde, ou não...), com manutenção da atual construção da ligação Jardim Oceânico – Gávea;
b) retomada das obras da Linha 2 a partir do Estácio, em direção à Carioca e sua futura ligação à Linha 3, através de túnel sob a baía da Guanabara;
3) desativação, por razões de segurança (exceto em ocasiões especiais), da ligação conhecida como Linha 1-A (de São Cristóvão à Central).

O percurso da Linha Nova
A insuficiência da estrutura atual de transportes (metrô, trem, ônibus) no atendimento dos passageiros da Zona Norte em direção ao Centro e Zona Sul, evidencia a necessidade de novas linhas de Metrô.
A seguir, a proposta de uma nova linha, que, para evitar confusão, será chamada de Linha N (ou Linha Nova):

 

a) O Metrô tem que se dirigir à Zona Oeste, via Realengo, no sentido geral de Santa Cruz e da Rio-Santos. Esta linha teria como ponto de chegada (ou, melhor, de conexão) a estação Triagem, onde cruzaria a Linha 2. Uma ideia geral está em Linha X - o Metrô transversal do Rio.. Ficaria, no entanto, para uma fase posterior.      

.

b) O ponto de partida da Linha N é a Estação Triagem, hoje um ponto de conexão importante entre o Metrô Linha 2 e a SuperVia (ramal de Saracuruna). Em Triagem, com o cruzamento com a Linha 2, surge a nova linha do Metrô, a Linha N, que se dirige ao Centro e à Zona Sul. 
.
c) Das estações do percurso, outra conexão se dará na Estação São Cristóvão, em pleno subsolo do campo de São Cristóvão. Este será o ponto de partida para um futuro ramal em direção ao Galeão, com trecho elevado junto à Av. Brasil. Também tem que ser estudada uma ligação com o Estácio, acompanhando o elevado da Linha Vermelha.
.
d) De São Cristóvão, a Linha N segue, via Rodoviária, no rumo do “Porto Maravilha”, que necessitará, certamente, de transportes coletivos decentes... Transforma-se também em um novo acesso ao Centro, uma alternativa aos já existentes. Por conta do terreno da foz do Canal do Mangue, o trecho São Cristóvão - Rodoviária poderia ser aéreo. As estações seguintes, na área do Porto, são, evidentemente, Santo Cristo, Gamboa, Saúde e Praça Mauá.
.
e) A intenção é contornar o Centro e atender pontos importantes da região. Assim, da Praça Mauá, a Linha Nova se dirigirá à Praça XV, em que aproveitaria o atual Mergulhão, e fará conexão com a Linha 2, vinda da Pavuna, via Estácio e Carioca. 
.
f) Na sequência, uma importantíssima estação, a do aeroporto Santos Dumont. E depois, completando o contorno do Centro do Rio, a conexão com a Linha 1, na Estação Glória.
.
g) A Linha Nova não termina na Estação Glória... O local, pelo espaço disponível, sem construções, pode ser uma área de manobras e de organização do sistema. 
Cruzando a Linha 1, a Linha N atenderá o desejo atual de uma ligação com a Barra. As próximas estações podem ser Laranjeiras, Cosme Velho (ou Dona Marta), Humaitá, Jardim Botânico e, finalmente, Gávea
.
h) Da Gávea, o trajeto seria exatamente o que se controi hoje, até o Jardim Oceânico. A continuação (que poderia ser por linha elevada), tem que ir, no mínimo, até o terminal Alvorada.
.
O Metrô tem que chegar onde as pessoas vão...  
O duplo afunilamento da cidade (Norte e Sul) em direção ao Centro justifica que duas linhas de Metrô passem por lá praticamente em paralelo (Linha 1 e Linha N), enquanto outra cruza em direção a Niteroi (Linha 2). 
Evidentemente, estas linhas precisam de providenciais cruzamentos (Triagem, Estácio, Carioca e Glória), formando uma rede, e assim o Metrô será útil a todos os cariocas.
O que o Rio precisa é de um Metrô inteligente!

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Um bom lugar para o caos estacionar!...

Quando comecei a sentir necessidade de dar palpites sobre o transporte no Rio de Janeiro, com foco no Metrô, sabia que este é um campo truncado, sob domínio de interesses pesados e impositivos, com aproveitadores descarados e subservientes. Em suma, tudo isto que se pode acompanhar na nossa História...
.
Não faltam combatentes de bom senso ou senso prático, mas não são notados pelos que estão no poder, por causa do olho grande e o olhar fixo nos ganhos... Chega a ser enjoativa a quantidade de artigos nos jornais, na internet, em qualquer lugar, dizendo mais ou menos o mesmo: é inaceitável que o esquema rodoviário & individual de transporte continue a dominar as cidades, os países, o mundo!
.
Por exemplo, pegando o que tenho à mão... Em O Globo de sábado, 14/01/12, o arquiteto Sérgio Magalhães, em artigo intitulado A cidade não pode parar (que deve aparecer qualquer hora em seu blog Cidade Inteira), fala sobre a dominação “do modo rodoviário e da indústria automobilística” no Brasil desde a década de 60, agora radicalizada: “no período de 2003 a 2010, enquanto a população urbana brasileira cresceu 13%, a frota de veículos aumentou 66%, cinco vezes mais”.
.
Sistema de Informações da Mobilidade Urbana 
da ANTP - Assoc. Nac. de Transportes Públicos
Relatório 2010 – pg. 65
E cita o Relatório 2010 – Sistema de Informações da Mobilidade Urbana da ANTP, dando alguns dados: 1) nas cidades com mais de 60 mil habitantes, “o poder público gasta 14 vezes mais recursos associados ao transporte individual do que ao transporte coletivo”; 2) do consumo de petróleo nos transportes, “73% é com o transporte individual e 27% com o transporte coletivo”; 3) “a emissão de poluentes segue o mesmo padrão: 64% e 36% respectivamente”.
.
Na página ao lado, do mesmo jornal, um insuspeito cronista, Cacá Diegues, no artigo "Assim se passaram os anos", declara-se usuário relativamente satisfeito do metrô carioca e profetiza, em estilo cinematográfico: “Imagino que qualquer dia desses os carros não poderão avançar um milímetro, o engarrafamento total será definitivo, os motoristas abandonarão suas máquinas por inúteis e as ruas das grandes cidades ganharão uma nova presença ornamental, uma serpente metálica a ocupar suas ruas permanentemente”.
.
Como se o caos, completaria eu, tivesse encontrado nas grandes cidades um bom lugar para estacionar!...
Pois é, é para lá que os carros se dirigem!... E, pior para nós, o Brasil vai pela contramão!...
.
Detalhe: de Metrô, não ocupam lugar no trânsito...
Lê-se em “Os riscos da expansão das montadoras”, da Agência T1, especializada em logística e transportes, que “a produção de veículos no Brasil deve crescer 55% entre 2007 e 2015”. Como diz um analista, que o artigo cita, “todo mundo está construindo uma fábrica no Brasil”, que tem sido “um dos mercados mais lucrativos para a indústria automobilística nos últimos anos”... E não são fábricas voltadas para a exportação (“70% da produção da indústria automobilística no Brasil depende do mercado interno”), somos um bom negócio para quem perdeu mercado lá fora!... Não sendo o povão quem compra, que são muito altos os preços de carros no Brasil, haja corrupção, desvios de verbas e negociatas para garantir este mercado...
.
Não deve ser por acaso que, neste primeiro caderno de O Globo de sábado, das 18 páginas, os anúncios de página inteira com lançamento de modelos novos de automóveis ocupavam cinco!... Sem contar um anúncio na primeira página, 54 páginas em cadernos só de propaganda de carros novos e 12 páginas de anúncios classificados...
.
Jornal Porto Maravilha - Dez/11
É claro que esta pressão comercial, para alegria deles, é aplicada também sobre os políticos... Não é à toa que, voltando às questões do transporte no Rio, um projeto da envergadura do Porto Maravilha está basicamente calcado no transporte rodoviário individual. O jornal Porto Maravilha, editado pela Prefeitura, destaca as pistas do Binário do Porto, a via Expressa da Rodrigues Alves e o túnel que substituirá o elevado (aliás, alguém lembrou, é muito melhor ficar engarrafado em cima de um elevado, vendo a paisagem, do que dentro de um túnel...), enquanto o transporte coletivo merece, em toda a edição de Dez/11, apenas uma frase!...
.
"Banco Central: nova sede, na Av. Rodrigues Alves, trará para 
a Região Portuária mais de 2 mil funcionários diariamente".
Fonte: blogportomaravilha.com
E como chegarão lá?... De ônibus?... De carro?...
No Editorial, o prefeito Eduardo Paes fala vagamente de uma “nova concepção de transporte público coletivo na área”, que reconhece como estratégica na distribuição do trânsito da cidade. O que se sabe dos projetos para a área é que, fora as vias para carros, está previsto um VLT circular, um bonde de pequena capacidade...
.
Aparentemente, esperam que haverá acesso mais rápido para as mesmas linhas de ônibus atuais, de longas distâncias, com terminais na Praça Mauá e na Central. Para tentar melhorar a situação, não me surpreenderia que resolvam deslocar a chegada do BRT Transbrasil para a área do Porto (já disseram que viria pela Pres. Vargas), dando uma maquiada no serviço de ônibus comum.
Só uma nova linha de Metrô garantirá
transporte coletivo para o Porto Maravilha.

Tudo bem, este é, certamente, mais um texto que não vai ser considerado...
.
Embora se saiba que há uma evidente divisão de interesses (o Metrô é do governador, os ônibus são do prefeito), isto não impede que se repita uma proposta necessária, uma das ideias principais deste blog:  
o Porto Maravilha, para que a sua nova destinação urbana faça sentido, terá que ser atravessado pelo Metrô!
[saiba detalhes em O cruzamento é (n)a Glória!]
Se não, vai ser apenas mais um bom lugar para o caos estacionar...